sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Conta que eu te conto >> Daniele, Capítulo 2: Apresentações

 

colege

No dia seguinte, a rotina de Gabriel foi diferente. Ao invés de acordar as 6h da manhã como de costume, ele estava de pé em frente ao espelho as cinco e vinte da manhã. Não pense que Gabriel ficou maluco e acordou mais cedo para ficar se olhando ao espelho. Pelo contrário, ele ficou maluco porque não conseguiu dormir a noite toda. E numa tentativa desesperada em entender, o porquê ele ficou completamente idiota só ao ver a garota da entrada do colégio, e ela passou por ele como se ele não tivesse existido. Ele ficou de pé vestido de seu pijama em frente ao espelho, analisando sua aparência.

Gabriel tava em seus dezesseis anos. Tinha uma altura até alta pros padrões de sua turma, cabelo enrolado e rebelde com um corte de cabelo sempre alto, com uma cara limpa de barba, não por cuidado, mas sim por genética, já que para crescer um mísero fio, era preciso deixar duas semanas inteiras. E para completar o visual, tinha um porte magro. Nunca gostou de comer, desde a infância tinha essa característica. Agora cresceu, só come o suficiente para acabar com sua fome e só. E com os primeiros raios de sol, que vieram junto com o seu despertador que acusava às seis horas, ele percebeu que não tinha nada de errado com ele, pelo menos em sua aparência.

E assim que ele recebeu os primeiros jatos de água de seu chuveiro, ele esqueceu por completo a garota da entrada do colégio. E com um sorriso no rosto ele completou o restante de sua rotina. Tomou banho lavando os cabelos e todas as partes de seu corpo e se enxugou por completo, sem deixar uma gota de água, pelo seu corpo, do jeito que seu pai ensinou na infância. Vestiu o uniforme do colégio e colocou o material na mochila sem cuidado alguém, como sempre faz todos os dias. Dali foi para cozinha e comeu o misto quente com requeijão e presunto acompanhado de um copo de achocolatado, preparados por sua mãe, enquanto ele estava no banho. E foi para sala ver seus desenhos antigos enquanto esperava o pai ficar pronto pro trabalho. Assim que o pai ficou pronto, ele deu um beijo na bochecha de sua mãe, que retribuiu com um tapa na cabeça do filho e a mesma frase que sempre se repetia.

- Vai pentear esse cabelo direito menino!

Entrou no carro junto com pai e saiu para escola que fica a dois minutos de carro. Ao chegar na escola, encontrou sua namorada Fernanda que estava sentada o esperando como todos os dias, deu um selo molhado em seus lábios, pegou em sua mão e de mãos dadas foram juntos para sala de aula.

Fernanda era a garota em que todas as outras garotas tinham raiva e todos os garotos tinham desejo. De estatura alta para padrões femininos, ela tinha quase a altura de Gabriel, olhos verdes escuros, cabelos ruivos de pintura e loiros de nascença. Com seios avantajados e cintura finíssima, digna de qualquer super modelo tanto nacional quanto internacional, além de pintas em seu rosto, que lhe dá com a ajuda de seus cabelos pintados, uma aparência de garota de colegial da Inglaterra.

Ela realmente podia ter qualquer garoto do colégio, mas escolheu Gabriel. Isso mesmo foi ela que escolheu e deu em cima de Gabriel, por exatos três motivos, que ela se gaba em dizer para suas amigas, todos os dias que lhe é perguntada:

- Eu namoro ele por três motivos! O primeiro que ele é todo calado e na dele, sei lá, me dá aquele ar de mistério sabe, me dá maior tesão isso. O segundo é que ele sempre tem as melhores coisas e se veste completamente diferente de todos os garotos, ele tem um estilo que me deixa... ah sei lá! E o terceiro é que ele foi o único garoto do colégio, que de um jeito ou de outro não veio dar em cima de mim. Então eu fui ver o porquê, e deu nisso, sabe?

Eles saíram pela primeira vez na casa do melhor amigo de Gabriel, o Diego. Diego é um garoto que possui a mesma altura de Gabriel. E as comparações terminam por aí. Ele se veste sempre com roupas da moda e exibe com orgulho os melhores eletrônicos e objetos que o dinheiro pode comprar. É o atentado do colégio, faz as coisas realmente para aparecer, não tem vergonha disso, tanto que espalha para os quatro cantos que faz isso de propósito. E é o melhor amigo de Gabriel pelo simples fato de nascerem praticamente juntos. A mãe de Diego é madrinha de batismo de Gabriel, e os dois nasceram no mesmo ano e no mesmo mês.

No colégio, todos sabem que os dois são unha e carne e um é o melhor amigo do outro, mas para quem chega ao colégio agora, pode jurar a todos que tal fato em mentira. Eles quase momento algum são vistos juntos. Gabriel está sempre isolado lendo um livro, ou com a companhia da namorada. Diego sempre anda com seus dois e fieis escudeiros, Rafael e Leonardo. Rafael é um garoto acima do peso e que é conhecido por todo o colégio por seu apelido, Rabicó. Leonardo, detentor do maior aparelho dental da escola e com sua estatura pequena é conhecido também por seu apelido, bem menos elaborado que o do colega, mas com o mesmo grau sarcástico, DiCaprio.

Se Fernanda pode ser considerada a garota mais popular do lugar, o Diego pode ser considerado o mais popular. Toda a semana ele tem algum caso a resolver na sala da diretora. Ele é o único aluno conhecido em todas as filias do colégio por sua proeza na sétima serie, que quase lhe valeu sua expulsão. Tal fato só não ocorreu por o seu pai ser o melhor amigo do dono do estabelecimento. Numa feira de ciências da escola, ele soltou das gaiolas todos os ratos de laboratório e soltou uma bombinha caseira perto dos animais, que saíram em disparada por todo o auditório e causou pânico em todas as garotas e mulheres no local. “Falta de provas” foi o que a diretora alegou para não expulsão do garoto.

Pelo menos na escola, toda a rotina de Gabriel parecia normal até aquele momento. O que ele não esperava era o que aconteceria às nove horas e dezessete minutos. Enquanto ele esperava Fernanda sair do banheiro para poderem ir juntos para aula, uma garota saiu do banheiro, agarrada ao seu fichário. Os cabelos castanhos, estavam escuros por completo naquele momento, a luz do corredor e o teto que havia em cima, já denunciavam que o sol não agiria naqueles cabelos por aquele local, e com os cabelos estavam no mesmo tom de cor daqueles olhos e sua face serena ainda se contrasta com a cor pálida daquela menina misteriosa. E mais uma vez ela passa por Gabriel como se ele não existisse. Gabriel ficou tão bobo com a nova visão da garota que nem percebeu que Fernanda saíra do Banheiro e o estava puxando com a mão ir para a sala de aula.

Pronto! Mais um dia perdido na vida de Gabriel pensando naquele rosto angelical da garota da porta do colégio. Fernanda se decidiu por vez que Gabriel devia estar doente, e ficou todo o restante do tempo escolar, perguntando para Juliana, uma loira magra que todas as meninas acham sebosa e todos os meninos acham fácil, que doença o seu namorado teria.

- Se ele tivesse com resfriado, estaria com algo entupido né? Então deve ser dor de cabeça. Deve ter voltado no intervalo, ele tava melhor de manhã cedo.

E enquanto isso, Gabriel estava ao lado de Diego, Rabicó e DiCaprio fingindo ouvir a última safadeza que Gabriel fez com Juliana ao lado do prédio do banco.

- Caraco! Que mulher safada! Muito bom!

Gabriel nesse momento só tinha um pensamento fixo em sua cabeça. Afinal, como se chama a garota da entrada do colégio?

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