Todo o dia ao anoitecer estávamos lá. Sentados em fileiras com olhar fixo no quadro, buscando o nosso sonho de um futuro melhor. Com pessoas qualificadas se esforçando ao máximo, para passar seus conhecimentos para que buscássemos em condições nosso lugar ao sol. Lógico que nem todos tinham seus olhares atentos e fixos ao quadro. Tinham um especial, que se preocupava muito mais com o que acontecia atrás de sua cadeira do que em frente na moldura rabiscada. Todo o dia Falamansa procurava minha companhia para salvá-lo daquele lugar invasivo, e em alguns dias especiais conseguia.
Sempre com a reprovação da cacique e com a curiosidade das índias, fugíamos do recinto para distrair a cabeça num ambiente excitante e moço. Com falas ensaiadas, já praticávamos nossos extintos de atores. Sempre com uma história fixa e várias adjacentes para explicar um furo aqui e a co lá de nossas atuações. De mesma tática, iniciávamos nossos planos, minha aparência inofensiva junto com a cara de pau que tenho orgulho, falava minhas falas de inicio de ato em nosso espetáculo de improvisação. As hoje aquelas, que nesse passado eram simples moças, nunca deixavam de me dar à atenção que precisava. O segundo ato vem junto com o Falamansa, que trás a mudança de assunto, sucessivamente mutável pra algo mais intimo. O terceiro ato sempre vinha com dissertações ousadas, que proporcionavam espantos e interesses nas moças. E assim facilitando nossa conclusão de um espetáculo aplaudido.
Guardo com carinhos todos esses dias especiais, desse ano sofrido de resultado insatisfatório. Mesmo com meus objetivos não alcançados, terei sempre na memória esses risos, esses papos, esses beijos juntos dos abraços. E a companhia sempre sorridente desse Falamansa, que com a mesma velocidade que veio se foi com as sereias, mas que deixou saudades e histórias pra recordar.
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