Todo inicio de ano é a mesma ladainha, uma parte da população reclama da grande quantidade de feriados enquanto que a outra comemora e solta até rojões, quando esses feriados caem nas segundas e sextas-feiras do ano. Eu nunca escondi de ninguém que faço parte dessa segunda parte da população, que adora os feriados. Ninguém vai me convencer dos prejuízos causados por esses dias de portas fechadas, ainda mais porque nunca vi nenhum centro de pesquisa fazer um levantamento dos lucros acarretados pelas vendas de produtos comemorativos ou de viagem nas vésperas dos mesmos.
Mas nessa listagem de feriados de nosso Brasil, o único feriado que mundialmente não é discutido por ninguém é o do reiveillon. E é justamente o menos desfrutado pela minha pessoa. Até meus oito anos de idade, tanto faz se fossem organizados no telhado de minha avó materna ou no quintal de minha madrinha. Eu sempre caí num sono profundo antes que o ponteiro marcasse a chegada do novo ciclo. A partir dos meus nove anos de idade, eu fui bombardeado por anos e forçado a fazer simpatias de boa sorte, como o da uva, o da lentilha e o dos pulos no mar. Eu nunca realmente acreditei que fossem verdade, pelo simples fato, de todos os meus desejos feitos através delas nunca terem se realizado. Mas mesmo assim, todos os reiveillons eu estava firme e forte nas simpatias.
Quando fui resgatado pra casa de meu Pai, eu consegui me livrar dessas superstições e comecei a ter as minhas escolhas de como aproveitaria essa data tão querida pelo mundo. Essa tal liberdade me garantiram três sensacionais viradas das cinco que usufruir. Dancei “Créu” em cima de um Chevette, Tomei meu primeiro grande porre de vinho e dormi num chão gelado pra uma amiga se dar bem, para depois ser zoado pela mesma por tal ato de amizade. Mesmo morando na cidade que proporciona em âmbito mundial o maior espetáculo dessa data, eu nunca anseio por esse feriado. Pra mim ele sempre será a mudança do ciclo e a esperança de uma vida melhor, que duram até o fim do ciclo e o inicio de outro e depois de outro e depois...
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